Não importa quantos dias você vai ficar em Noronha; pelo menos uma vez na vida você tem que passar lá. Sim, os boatos são todos verdadeiros, tanto os bons quanto os ruins. Mas assim é aquela terra: tudo é tão transparente que até boato é verdade.
O principal boato ruim é que tudo lá é caro. De fato, é o dobro. Tanto que popularmente a ilha tem uma moeda própria, chamada noronha, e que, segundo a população ilhéu, 1 noronha vale 2 reais.
Pra você ter idéia, numa praia de Maceió você acha água de coco por R$ 0,50. Na ilha, esse mesmo coquinho vale R$ 2,50. Cinco vezes mais. Uma garrafa d’água vale R$ 2. Uma latinha de coca-cola, R$ 4.
A tomar pelos preços, dá pra achar que a população local é milionária ou que o mais alto poder aquisitivo do Brasil está ali. Mas é só impressão, porque a grande maioria dos moradores é de família de pescador, que ganha a vida nos belos mares da redondeza e cujas casas foram adaptadas para receber você, turista, a grande fonte de receita do local.
O primeiro show acontece quando você ainda nem chegou à ilha. É no avião. Quando o avião vai pousar, o comandante anuncia que estamos chegando, revela a temperatura e a partir daí se empolga, dizendo que estamos em Fernando de Noronha, esse pedaço de terra que é o paraíso, feito pessoalmente por Deus e por aí vai. Enquanto ele fala empolgado, o avião dá volta em torno da ilha. Aí você se empolga junto com ele.
A primeira dica é esta: quando entrar no avião, pergunte pra aeromoça de que lado estará a ilha quando o avião chegar. Se os aviões sempre chegam do mesmo lado, já recomendo de antemão sentar-se à janela esquerda.
Assim que descer do avião, você é levado diretamente a um balcão onde se paga pelos dias em que estará presente. Cerca de R$ 24 por dia. Quem fica mais que 10 dias paga mais. Quem fica mais de mês paga fortunas. Dados da ilha mostram que em média as pessoas ficam entre 3 e 4 dias.
Uma coisa que se notará é que são constantes assuntos de biologia e geografia. Pudera: você acabou de pisar no melhor ecoturismo que se pode fazer.
Falando um pouco de geografia, a ilha de fato é bem pequena. Pra quem vê de cima. Ou pra quem aluga bugue. Nos primeiros dias, se estiver sem bugue você vai sofrer um processo de mutação. Vai andar muito, sentir o peso do sol na cabeça, o calor grudando na pele e deparar com muita ladeira, quase tão íngreme quanto as de Olinda. Esse sofrimento deve durar uns 3 dias. Depois disso, você passa pela transformação e começa a achar que as coisas não ficam tão longe assim. Quando tiver essa sensação, sorria para si mesmo: é sinal de que você já está pegando o jeito do lugar.
A ilha tem subidas e descidas. Na parte do meio, bem afastada das praias, há uma rodovia federal. É a BR sei lá que número, com 7 km de extensão, que atravessa o lugar de norte a sul. Liga o Porto à Praia do Sueste – e vice-versa. Deve ser a única estrada federal em que você pode andar a pé no meio da pista sem se preocupar com o trânsito. À noite, então, se bobear dá até pra dormir estirado nela. É ao longo dessa grande avenida que fica o acesso às principais atrações.
Por falar em atração, a ilha é fiscalizada pelo Ibama, cuja presença é maior até do que a da polícia. Toda noite há palestras de biologia marinha no Ibama. Este é o maior evento social. Cada noite é um tema, que vai de tartaruga marinha a tubarão, passando por golfinhos e a história geomorfológica do lugar. É nessas palestras que você vai se dar conta de que Fernando de Noronha está mais perto da África do que de São Paulo. Se você se interessa pelos assuntos – e provavelmente vai se interessar depois que mergulhar –, chegue cedo, porque lota.
Eu particularmente nunca vi águas com cores tão fortes. Literalmente, o azul é mais azul. A espuma branca é muito branca, de uma alvura que eu achei que não existisse em praia nenhuma. Nem nas praias do Nordeste vi espuma tão branca.
A água é tão transparente que na praia da Conceição os albatrozes ficam sobrevoando o mar, como urubus, e mergulham com tudo para pescar comida. A fauna marinha é tão rica e tão acostumada com o assédio dos turistas que os peixes não têm medo da gente: nadam do nosso lado. Alguns até mordem; mas mordida de peixe de Noronha é sinal de que ele foi com a tua cara.
As praias são divididas em duas partes. O lado da ilha voltado para o Brasil se chama Mar de Dentro; o voltado para a África se chama Mar de Fora. Durante a estação seca, o Mar de Dentro é calmíssimo e o Mar de Fora é violentíssimo. Durante a estação chuvosa, o Mar de Fora fica manso e o de Dentro fica revoltado. Eu tive a sorte de ver calmo o Mar de Dentro, que na minha opinião é o melhor. É no Mar de Dentro que ficam as duas praias consideradas as mais bonitas do Brasil: a do Sancho e Baía dos Porcos.
A praia do Sancho é singular. Chegar de barco até ela é fácil. Se for por terra, provavelmente você vai preferir chegar de bugue, ou de bicicleta. Mas eu não recomendo nenhum desses dois, porque você terá que deixar o transporte em cima, a determinada altura, e continuar a caminhada a pé. Chegarás diante de um morro de uns 50 metros, verás uma verdadeira obra de arte e terás uma enorme vontade de descer até essa praia. Para descer, o único meio é uma escada que fica entre duas pedras que quase se encostam. Depois dessa escada, surge outra, num espaço ainda menor. Acredito que o Jô Soares não consegue passar ali. Você vai pensar em desistir no meio, achando que além do perigo serás pego por aranhas ou cobras – mas não há cobras numa ilha. Continue em frente, digo, pra baixo, porque você não vai se arrepender.
Saindo vivo por dentre as pedras, você vai encarar de perto a essência do paraíso. O mar tem um aspecto que parece ser doutro mundo. A exuberância da paisagem faz um convite à meditação. E quando entrar na água, vai reparar que os peixes já estão perto de você, logo no raso. Sem muita procura, verás também arraias. E se bobear, uma moréia verde gigante vai passar por baixo de você.
Esta é uma outra dica: leve sempre snorkel. Talvez não o use sempre, mas cada praia é um santuário, rico em fauna e flora, e você não vai se perdoar se não levar máscara para ver tudo aquilo. O melhor de Noronha está debaixo d’água.
Se o Mar de Dentro é o mais bonito – na minha opinião –, o Mar de Fora é capcioso. A Praia do Sueste é uma das últimas do Mar de Dentro. O lado esquerdo dela já começa a ir pro Mar de Fora. O aspecto do Mar de Fora é de um pélago revolto! Não há muita areia. Há pedras em que as ondas batem com uma força incomum. Quando fui, não dava pra nadar. E nem era recomendável. Até porque o Mar de Fora, por estar do lado de fora (!), é o lado que recebe mais tubarões vindos de outras partes do Atlântico. Estão ali de passagem, e por isso não são tão dóceis quanto os tubarões do Mar de Dentro. Tanto que há um ponto de mergulho no Mar de Fora, bem afastado da Praia do Atalaia, para o qual o dive master deixa claro: com certeza esse ponto terá tubarão. Se você quer mergulhar lá, vamos, mas a responsabilidade é toda tua.
Há outros milhares de pontos de mergulho em que é possível ver tubarão, mas os nossos tubarões são melhores do que os dos outros. Se você quer ver tubarão e passar perto deles, prefira os do Mar de Dentro. Um amigo meu foi num desses mergulhos. Passaram 5 tubarões por ele, todos bem calminhos.
Como eu disse acima, o melhor de Noronha está debaixo d’água. Eu nunca mergulhara; nem sabia o que era isso. Mas quando cheguei fiquei empolgado e fiz um mergulho de batismo. É tão bom que você não quer sair da água. Eu, quando saí, já me matriculei no curso básico. Na noite seguinte recebia a aula teórica e, no dia seguinte, estava mergulhando. Sou um privilegiado: a primeira vez em que mergulho é logo em Noronha. O lugar onde aprendi a mergulhar foi Fernando de Noronha. Você não pode perder isso por nada. Deixe a claustrofobia de lado e mergulhe. Você vai entrar em contato consigo mesmo, vai filosofar, vai sorrir por dentro, vai escutar o silêncio, vai querer beijar os peixes. Ir pra lá e não mergulhar é um desaforo.
Vou parar de falar essas coisas porque o que você quer devem ser dicas. Vamos a elas.
Conheça todas as praias. É caro, mas não tem preço.
Se fizer o ilhatour, realmente faça no primeiro dia; se deixar pra depois não compensará. Eu achei que não compensava fazer nem no primeiro dia; fiz sozinho com um amigo, fizemos amizades, juntamos uma turma e fomos conhecendo por conta própria. Muito melhor.
O que vale fazer é o passeio histórico. O guia passa pela igreja, pelo forte, pelo museu e por algumas praias. Você tem uma aula de história e ainda faz amigos. Mas faça este no primeiro ou no segundo dia, pra formar a turma mais cedo.
O passeio dos passeios que você tem que fazer é o de barco. Ele te leva às praias do Mar de Dentro, passa nas Ilhas do Meio, Rata e Rasa e vai pro sul, onde você verá uma formação geológica com uma cavidade que lembra o mapa do Brasil ou um golfinho pulando. E por falar em golfinho, nesse mesmo passeio você terá chance de vê-los dando show. Imperdível. Só não mergulhe com eles, porque o Ibama multa, e multa caro. É proibido.
Nesse mesmo passeio você vai deparar com pedras que emitem som. Quando o guia perguntar o que é fonolito, diga que é pedra que emite som, e ele terá que te dar um passeio. Guarde consigo essa informação. Aliás, guardarás contigo este outro espetáculo, o das pedras uivantes.
É provável que te queiram vender vários passeios quando chegares à ilha. O que mais vale a pena é a Trilha do Atalaia. Só, na minha opinião. Você vai andar por várias horas, vai mergulhar em piscinas naturais e conhecer a praia em que a permanência é cronometrada por um fiscal do Ibama. Você terá no máximo 30 minutos de banho, justificáveis. Vá de snorkel e não pise no fundo da água...
Como estava a pé, acabei fazendo uma coisa que foi muito boa: ia de uma praia a outra pelas próprias praias. Fiz minha própria trilha, atravessando por entre as pedras. E foi aí que vi a desvantagem de alugar bugue, bicicleta, cavalo, asa delta, caiaque!
O pôr-do-sol é o evento mais esperado na parte emersa da ilha! São vários os pontos em que você poderá curtir um dos melhores espetáculos. Geralmente as pessoas ficam nos fortes – acho que são 14 ao todo – para ver o encontro do sol com o mar. O mais lotado é o Forte do Boldró. Há um bar ali perto que coloca som quando os milhares de pessoas chegam. E cumpre sempre o seguinte ritual: quando não há nuvens, e percebe-se que o sol vai mergulhar no mar, a música é o Bolero de Ravel. Quando o sol vai se pôr, mas por entre as nuvens, a música é new age. Isso enquanto serve pastéis, queijo coalho e cerveja – Skol.
O Forte dos Remédios é mais vazio. Bom para quem quer ficar mais a sós com o par. Mas em todos os pontos sempre há gente com câmera posicionada entre o Morro Dois Irmãos e o sol.
No Forte dos Remédios eu tive um momento recôndito, se é que você me permite fazer o parêntese. Na hora do pôr-do-sol eu estava olhando a imensidão, tanto do lado do porto, que leva à África, quanto do lado de dentro, posicionado para Cuba, sentindo o vento forte – por estar na ponta da ilha – e em dado momento escutei um barulho, provocado pela brisa. Passou a ficar mais forte no ouvido. Olhei pra cima e vi a bandeira brasileira fincada no ponto mais alto do forte, tremulando sem parar. Engoli seco, pensando que tudo aquilo, aquela maravilha, aquele encontro com a natureza, aquele pedaço de terra, mar e complacência é Brasil.
Uma coisa a ser reparada é que lá cedo é tarde. A realidade temporal é outra. Os passeios costumam acontecer a partir das 8h. Às 7h30min o ônibus passa nas pousadas. Isso significa que, se você quer curtir um bom café-da-manhã, terá que acordar a partir das 6h30min. Mas isso não é nenhum entrave para a balada da noite anterior. Percebi que 4 horas de sono lá equivalem a 8 horas de sono em São Paulo. O pouco de cada um é o muito de todos!
Almoço. Como tudo é caro, o almoço não será diferente. Mas existem lugares que por incrível que pareça oferecem comida farta por um preço até que barato. Há uma pousada, se não me engano a Pousada do Piu, que oferece almoço e jantar, com sobremesa inclusa, por R$ 10. Ou N$ 5 (cinco noronhas)! A bebida é à parte, claro. Tanto que o custo da bebida é quase 20% do da comida. Uma coisa de louco, mas você nem vai se preocupar com isso.
Essa pousada me fez lembrar a transparência e a simplicidade do povo de lá. Chegamos lá a primeira vez, vimos tudo cheio, lotado, sem controle nenhum. Fomos até a mulher que fica na porta, no caixa, e perguntamos se tínhamos que pegar ficha. A mulher, com toda espontaneidade, parecendo a Dercy Gonçalves, respondeu que o que tem que pegar é o prato e mandar ver! Sem palavras.
Há um outro lugar que achamos ainda mais simpático. Trata-se de um restaurante por quilo – que de restaurante não tem nada. Fica no centro de uma pracinha, na saída (ou na entrada, dependendo do ponto de vista) da Vila dos Remédios, e o dono é um gaúcho. A comida é simples e ótima, e ainda há uma banca de sorvete de massa, também cobrado pelo quilo. Quando descobrimos isso, o almoço era todo dia lá; apenas pelo sorvete!! O nome do lugar é Flamboyant. Mas você não vai achar pelo nome, porque não está escrito em nenhum lugar. Apenas as pessoas sabem o nome, se você perguntar a elas onde fica. Eu já adianto que fica do lado de uma pousada que aluga bicicletas por dez reais a diária.
Perto do Porto há outro restaurante, cobrado por pessoa. Mas esse se paga antes. E nós pagamos. O mico. Sim, porque achamos que fosse igual ao esquema da Pousada do Piu. Entramos, pegamos o prato e a mulher parou a gente, pedindo, com toda delicadeza, que pagássemos antes. Desculpe-nos. Relaxa, vocês estão em Noronha.
A noite é boa, sobretudo se pegar lua cheia, que deixa as praias iluminadas. Mas antes de falar da noite, vou fazer uma nota rápida quanto ao aspecto das praias: nenhuma delas tem sombra. É água e areia. A sombra ou é longe ou fica muito perto do mato, o que é ruim para quem quer ficar na areia, sentado ou deitado. Por isso, leve protetores, chapéus, boinas, burca, o que for. Eu, além de tudo isso, ainda passei Sundown Hair na careca.
Voltemos à noite. Simples, com gente simples, em lugares simples, mas bem ambientado. Noronha é bom porque não tem rico nem pobre; não tem ladrão; não tem assalto. Tanto que é comum, na praia, deixar a bolsa na areia, mergulhar e voltar sem ter acontecido nada. O único perigo é entrar mabuia nos pertences. Você vai saber como é isso...
A noite é igual. Muita mabuia, nenhum perigo. Anda-se para todo lado; a pé ou de bugue. Você pode andar a pé os 7 km de estrada, à noite, escuro, e não verás nenhuma sombra suspeita.
Por outro lado, eu resumiria o quesito balada em duas casas e um luau. A primeira é o famoso Bar do Cachorro, que fica na Praia do Cachorro, e tem uma arena onde todos dançam forró. E lá você vai conhecer o Lombra Equerna, um bêbado muito gente fina que dança forró melhor que todo mundo. Nasceu em Noronha, não sei como ganha a vida, mas toda noite ele marca presença no lugar. Já saiu duas vezes em revistas como Viagem e Exame. Intrigante. É a magia do local.
Outra casa é a pizzaria, mais acima, ainda na Vila dos Remédios – sim, a Praia do Cachorro é na Vila dos Remédios. Fica ao lado da igreja; encostada a ela. A pizza é boa – pelo menos eu achei – e você come na mão, no guardanapo. Não há prato.
É um lugar aberto, com cobertura feita pelas árvores e velas para iluminar o ambiente. Numa das pontas fica o palco para o show de um cantor que já gravou até um CD – e o vende muito bem. A letra das músicas é ótima. Ele brinca com a ilha, as praias da ilha, os turistas. Uma das músicas diz algo assim: “É uma vergonha, é uma vergonha, é uma vergonha... Turista vem aqui e fica só 3 dias em Noronha...”.
Outras músicas citam as praias e suas peculiaridades. São bem legais, especialmente depois que você já conhece as praias. No mais, o cantor é despojado, bota um som alto no meio da noite silenciosa da ilha, e isso provoca um convite à reflexão histórica, porque fica uma cena paradoxal, entre o divino e o profano, a igreja e o bar grudado ao lado.
Há outras coisas? Sim. Você tem o restaurante japonês, no Porto, já indo para o Mar de Fora, antes do Buraco da Raquel. Não fui, mas disseram que é bom. Você pode também jantar nas pousadas mais requintadas, como a do Zé Maria, a Maravilha, a Dolphin. Parecem hotéis. Eu jantei na Maravilha – originalmente do Luciano Huck e mais 4 sócios – e paguei R$ 70. Não justifica, mas há quem goste. Ao lado do Zé Maria há uma casa que serve panquecas, doces e salgadas, por preços mais doces do que salgados, comparados com o restante do local. Boa opção para uma balada gastronômica mais leve.
Numa das noites, já perto de vir embora, fomos comer na Dolphin. Acabamos comendo – pasme – um X-salada. Mas uma barraca que fica na BR, mais ou menos próxima à casa das panquecas, tem um X-salada mais gostoso. Definitivamente o requinte não é característica do lugar!
Há também luau. Não deu pra ir, mas acho que é na Praia da Conceição ou no Bar baridade. Seja onde for, é numa das jóias do Mar de Dentro, fora da área de proteção do Ibama.
O usual é jantar antes, ver a palestra do Ibama e ir pro Cachorro dançar forró. Como a gente emendava o jantar com a balada – porque ficava na praia até mais tarde ou no pôr-do-sol também ao anoitecer –, víamos primeiro a palestra, íamos jantar e logo em seguida balada. No caso da pizzaria ou do japonês, a balada coincide com o jantar.
Uma coisa que você provavelmente não vai ver é TV. Mas se vir, saiba que dentro do PE TV (jornal local) há o Jornal da Ilha. Há imprensa de TV na ilha, e a notícia pior que pode haver é pescador sendo flagrado pelo Ibama, às 3h da madrugada, pescando animais em área proibida. Esse é o pior crime que acontece na ilha. Nem isso deveria acontecer, mas os pescadores são conscientizados aos poucos. Aliás, os filhos de pescador, por terem aula do Ibama na escola, denunciam os próprios pais. É uma maravilha.
Vamos ver se dá pra localizar. O aeroporto fica no centro-sul da ilha. O encontro social da ilha é todo entre o Mar de Dentro e a BR. O Ibama fica no centro-centro da ilha, à esquerda do aeroporto. A Águas Claras, escola de mergulho, fica na mesma direção do Ibama, mas indo pro sul da estrada – de um outro lado que não o da Praia do Sueste. Subindo a estrada, em direção ao norte, a uns 3 ou 4 km, chega a Vila dos Remédios, o local mais povoado. É lá que ficam os restaurantes de almoço, a pizzaria, o bar do Cachorro, o acesso a 2 fortes, a igreja, o museu, o Banco Real, outras duas escolas de mergulho e lojinhas. O Porto fica continuando na BR, no extremo norte. Dá pra ir de ônibus do extremo sul ao norte pagando apenas R$ 2,50. Digo apenas porque taxista cobraria, pra ir de um extremo a outro, R$ 14 ou R$ 16. Isso porque o táxi é bugue; não é nenhum Audi A8 com ar condicionado. Por falar nisso, há cerca de 80 veículos na ilha, contando os bugues, as vans (que cobram R$ 2 ou R$ 2,50, dependendo do período de tráfego) e os veículos dos moradores. Os ônibus, opção mais barata de fato, são apenas 2 – um que vai, outro que volta –, e passam de meia em meia hora, quando não estão em horário de almoço. Não, não é piada.
Praia do Sueste é lugar de desova de tartaruga, junto com a Praia do Leão, logo ao lado direito. Não deixe de visitar o Leão; disseram que é a terceira praia mais bonita do Brasil. Por que Leão? Porque seu mar tem uma pedra grande em forma de um leão deitado. Mas o leão é marinho. Só assim é que faz sentido.
É na Praia do Sueste também que está o maior mangue de ilha. Uma informação que não serve pra muita coisa, mas pelo menos agrega a singularidade do lugar. Do Sueste, vá, mesmo que a pé, pelo Forte de Caracas. E siga até o extremo, de onde você verá a praia do Leão por trás. Você verá o mar agitado na ponta sul lá de cima. Ficamos uma meia hora parados no lugar, sentados, só admirando o poder da natureza. Ninguém mexe com o mar naquele ponto.
Vou parar de falar porque agora é curtir. Não perca tempo lendo isso se estiver na ilha (legal eu falar isso só agora, né?). Constate com seus próprios olhos a beleza do lugar. Cada praia tem a sua alma. Você vai preferir algumas, outros preferem outras, mas todas, em suma, vão deixar seu encanto na sua memória. Tanto que você não vai querer sair de lá e se sair vai querer voltar na primeira oportunidade. Porque nada é mais paradisíaco que Fernando de Noronha. E este é o principal boato bom, que também vira verdade.
Adorei a sua narrativa, me senti lá.
ResponderExcluirSó esqueceu de informar como e onde se hospedar em um preço popular.
nossaaa meu sonho !! Lindo demais !
ResponderExcluirTens razão; eu não falei muito sobre as pousadas, exceto pelos jantares nas mais caras. O problema é que muitas delas não têm marca; são casas de pescador adaptadas pra receber o turista - e, neste caso, qualquer uma estará de bom tamanho, desde que você não espere conforto nenhum. Seu conforto vai ser a paisagem, a praia, a ilha, tudo o que está do lado de fora da pousada!
ResponderExcluirOutro motivo que me fez não falar delas foi o fato de que isso poderia ficar facilmente desatualizado. Os preços podem mudar, pousadas podem deixar de existir, ou qualquer outra razão.
De qualquer forma, são duas opções: as caras, de gente famosa, como a do Zé Maria ou a do Luciano Huck, e as sem conforto. É 8 ou 80; poucas serão 44.
MUITO BACANA OS SEUS TOQUES, OBRIGADO ERA O QUE EU ESTAVA PROCURANDO SABER PRA PODER CURTIR ESSE PARAISO!!
ResponderExcluirFABIO!!
Vrlo lijepi brasilski Otok u Oceanu!
ResponderExcluirNije moguce nadiviti se ljepoti prvo Oceana, a
onda Prirodi Otoka i njegovog Polozaja. Brasil
je ogromna Zemlja, sa ogromnim Otocima, koji su
njezini Dragulji. Ovakve Otoke Evropa nema.
Taj Otok je Evropljanima gotovo nepoznat,
a Raj je na Zemlji.
Legal!!! Fiz uma grande viagem... e senti-me na própria Ilha. Parabéns!
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirCould you please post it in another language? Is that Dutch? I can't communicate with you on that!! Sorry...
ResponderExcluiragora essa ilha de um dia ao outro aparece na noçao do primero mundo inteiro. por causa do airbus que desapareceu "perto" de la ...
ResponderExcluirÉ verdade. Parece mais o Brasil, que fica famoso no mundo pela notícia policial. Pena um paraíso desse ficar conhecido assim!
ResponderExcluirsensacional o relato! adoraria de conhecer esse paraiso..
ResponderExcluirFaça isso; conheça Noronha. Vale muito a pena! Obrigado pelo post.
ResponderExcluiramei,amei e amei
ResponderExcluirficou maravilhoso por um momento cheguei
a ver até o por do sol!
Eu vou!!!
ResponderExcluirValeu pelas dicas!
Um abraço,
Ellen.
Nossa parabéns pela fomra de descrever as coisas, pelo modo de falar ! mtt bom msm !
ResponderExcluirParabéns !!
Karine
Acreditem nada é exagero não!
ResponderExcluirFiz uma viagem no tempo quando fui à Noronha.
fiquei de boca aberta quando vi a ilha do avião.
Comi a pizza, o crepe e o alomoço de 5 noronhas, etc.
Sim, um peixinho me beliscou enquanto eu olhava uma tartaruga passar a menos de 1 metro de mim.
Gritei quando vi os golfinhos;
Amei as mabuias... são graciosamente doceis, apesar de atacarem minha bolsa atrás de uma barra de cereal que eu deixei aberta.
Não andei no onibus, pois a simplicidade, como você falou nos fez pegar uma carona no carro do lixo até o Bar do tricolor...rs..
E como todo visitante fala... Eu também quero voltar lá novamente!
Abç,
Andréa.
Viajei com o seu comentario!!!Ainda estou la.
ResponderExcluirExcelente post!
ResponderExcluirEstou planejando minha viagem a Noronha em outubro próximo e suas dicas foram de excepcional valia!
Obrigada,
Michele
Adorei sua descrição...completíssima...
ResponderExcluirMas a pergunta que não quer calar: onde se pega o avião p/ ir p/ ilha? qnto custa o tranfer?
Vi na net alguns pacotes de pousadas e me parece que elas não são tão caras, o caro é o transfer que está incluso.
Obrigada
A única companhia aérea com autorização de ir pra lá é a Trip, e os únicos aeroportos de onde saem voos pra lá são o de Recife e o de Natal, no Rio Grande do Norte.
ResponderExcluirAs aeronaves não são grandes, não têm muita qualidade, mas tu ficas tão fascinado com o destino que até esqueces o resto...!
Há uma taxa ambiental que és obrigado a pagar. Se seu pacote é de 3 dias, pagas 3 dias de taxa; se é de 15 dias, pagas 15 dias. Na minha época era de R$24. Mas hoje não sei quanto está.
Sobre as pousadas, há de todos os tipos: das mais baratinhas às mais luxuosas e caríssimas. Tem pra todo gosto!
voce poderia nos informar fone de alguna destas casas de pescador em noronha
ResponderExcluirJose roberto são carlos
Infelizmente não tenho contatos das pousadas de lá. Faz muito tempo em que estive lá e muitas delas podem ter mudado.
ResponderExcluirNão deve ser difícil de achar. Uma busca rápida no Google ou mesmo uma operadora de viagem já podem te dar boas informações.